Hoje encontrei pessoas do meu passado, pessoas que não via há tempos. Como de costume, elas perguntaram sobre a minha vida. Não foram específicas. Não perguntaram se estou trabalhando, se estou em algum relacionamento, ou se estou feliz. Apenas falaram “E como ainda a vida?”. Isso me fez pensar.
Como anda a vida? A minha vida? Hum... Eu tenho um bom emprego, estou perto de realizar alguns dos meus maiores sonhos - já realizei alguns, inclusive -, estou em um ótimo relacionamento comigo mesma, tenho bons amigos, uma família ímpar e acolhedora... Isso deveria me fazer responder que a vida está ótima? Qual é o padrão de qualidade para a vida? Existe mesmo uma coisa dessas?
Acontece que fui sincera. Sincera demais, talvez. Assustei aquelas pessoas, que ficaram momentaneamente sem saber o que me responder. Acho que estão acostumadas com respostas padrão como “Está indo”, “Está boa” ou até um “Já esteve melhor”. Minha resposta? “Eu não sei”.
As pessoas piscaram, deram um sorriso amarelo e deram o fora na primeira oportunidade. Talvez tenham pensado que eu não queria conversar ou era meio doida, não sei. Mas aquelas três palavras hoje tiveram um gostinho doce, singelo e viciante. Tive vontade de sair por aí dizendo “Eu não sei” para tudo e todos, somente por poder. Porque sei que eu posso, eu posso não saber e eu posso não querer saber.
Eu não sabia que isso era possível. Eu também dava respostas-padrão para essas perguntas. Dizia que a vida estava “bem”, “corrida” ou “complicada”. Mas nunca tinha verdadeiramente pensado sobre a pergunta – e resposta. Até hoje, quando fiz isso e descobri que eu não sei e que não tem nada de errado em não saber.
Talvez este seja meu novo lema. Talvez esta deva ser a minha frase da vida, a minha meta. Não saber. Não saber para onde ir, não saber o que fazer, não saber quando voltar, não saber quem irá comigo... E o melhor é que eu realmente não quero saber.
Hoje eu quero sair sem saber para onde, andar com não sei quem e não saber a hora de voltar. E não, também não quero saber o que vou fazer. Talvez dançar na chuva, brincar em um balanço qualquer, jogar bola com crianças desconhecidas, apostar corridas imaginárias com pessoas reais. Não sei. E não quero saber.
Hoje, somente hoje, eu quero ser aquela que não sabe de nada. Que não sabe que uma ou outra conta está atrasada, que aquela ligação importante não foi feita, que determinada pessoa fez determinada coisa, que o país está um caos ou que outras pessoas estão me chamando de louca por querer não saber. Hoje eu não quero mesmo.
Vou ter tempo para me atualizar sobre tudo isso depois. E se não tiver... Que diferença faz? Mas se eu souber de tudo hoje e amanhã não estiver por aqui, vai ter feito diferença na minha vida aquele dia que eu não soube. Prefiro que minha vida seja marcada por momentos em que eu não soube nada e vivi tudo, do que por tantas informações que não me levaram a lugar algum. Então hoje, por favor, me deixe dizer “Eu não sei”.
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